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Invencionices, Bizarrices,Judaização e outras heresias.




Esse artigo visa responder de maneira clara e concisa as várias pessoas que me perguntam por que não segui adiante na implantação do M-12 (não confundir com G12 - parecidos tecnicamente, porém, bem diferentes)  na igreja que sou pastor.

Espero que você leia o artigo inteiro e não faça conclusões precipitadas. O meu interesse é apenas esclarecer o meu ponto de vista. Para isto, externarei a minha opinião e, mostrarei o que penso á partir do evangelho e de Jesus, que são os meus referenciais. Portanto, apesar de conhecer pessoas envolvidas na “visão” e amá-las, meu compromisso acima de tudo é com Jesus e o evangelho. É somente através desse prisma que me proponho escrever.

As igrejas evangélicas no decorrer principalmente das ultimas décadas desenvolveram muitos métodos para fazê-la crescer. São vários movimentos que ocorreram em muitas partes do mundo atraindo pastores e lideres atrás de uma receita para fazer a igreja crescer. Esses movimentos acabam gerando livros que causam verdadeira explosão de vendas.

Apenas para não passar em branco, quero fazer uma rápida retrospectiva histórica de alguns movimentos.

Primeiro temos o movimento de grupos familiares. Esse movimento nasceu em Seul, capital da Coreia do Sul, no final da década de cinquenta e inicio da década de sessenta com David yonggi cho. Certamente, este foi o movimento de crescimento da igreja de maior expressão do século XX. A partir desse, surgiram vários outros movimentos de crescimento da igreja.

Não necessariamente em ordem cronológica, temos o movimento de “igreja com propósitos”, surgido nos Estados Unidos na década de 90. O livro básico desse movimento com este mesmo nome de autoria de Rick Warren foi lançado no Brasil em 1998 e fez grande sucesso principalmente nas igrejas históricas, a maioria delas batistas e presbiterianas. O foco principal dessa visão é o crescimento através da busca pela descoberta dos propósitos da vida.

Ainda através dos Estados Unidos temos a rede ministerial, do famoso e reconhecido líder Bill Hybels. Um método não apenas de crescimento, mas também de organização da “igreja”.
Outro modelo americano de “igreja” em células é o G-5, de Ralph Neighbour. Esse é um método mais tranquilo e menos agressivo. Conheço várias igrejas que usam esse modelo.

Apesar de todos esses modelos de “igreja” ser de grande expressividade, nenhum deles causou mais impacto sobre a nação brasileira do que o modelo dos doze através do tão famoso e não menos polemico ENCONTRO  . Esse modelo foi idealizado a partir do modelo coreano por Cesar Castellanos em Bogotá – Colômbia.

Com certeza há vários outros movimentos mundiais de crescimento da igreja. Como por exemplo, em El Salvador, Quênia, Tunísia e China. Mas acredito que os mais relevantes são os mencionados acima.

Tudo isso falei apenas para introduzir o assunto que me proponha tratar e tentar responder de maneira satisfatória por que não prossegui na “visão”.

Analisei o modelo através da leitura de livros, artigos e ouvindo muitas mensagens em congressos que participei. Percebi vários pontos positivos, a começar pelos quatro pilares do modelo: ganhar – consolidar – treinar/discipular – enviar. Esses princípios em si mesmos são corretos e são bíblicos. Jesus ganhou pessoas, consolidou gente, treinou seus discípulos e os enviou. Não Há ninguém honesto que possa negar que esses quatro princípios são corretos.

Outro ponto positivo que pude perceber na turma do M-12 são as amizades que os pastores fazem uns com os outros. Isso é uma coisa bacana que existe entre eles. Eu mesmo fiz amizades que carrego até hoje.

Outros pontos favoráveis são o incentivo ao crescimento da igreja, ao crescimento pessoal, constante treinamento para pastores e líderes através de encontros, congressos, cafés, etc.

 
Pontos desfavoráveis

As criticas que farei a seguir não é de cunho pessoal com ninguém e, não reflete na íntegra todas as igrejas e pastores envolvidos no modelo dos doze. Fiz amizades com vários pastores da “visão” e posso testemunhar que existem pessoas sérias e comprometidas com o reino de Deus e que amam Jesus. Portanto, minhas críticas são em relação ao “espirito da visão” e, nesse sentido, todas as igrejas e pastores são afetados por esse espirito. Uns são afetados em maior grau e outros em menor grau, mas todos são no mínimo afetados.

Outra observação que quero fazer é que os pontos críticos que aponto abaixo não são de exclusividade das igrejas no modelo dos doze apenas, mas são de boa parte das igrejas evangélicas no Brasil. Eu seria muito injusto e parcial se dissesse que essas coisas acontecem somente em um seguimento da igreja evangélica brasileira.

Minha motivação ao fazer esses apontamentos, não é de forma alguma denegrir a imagem de ninguém. Portanto, a única coisa que estou propondo aqui é uma discussão no campo das idéias e, idéias, formas, métodos, dogmas não somente podem, mas devem ser discutidas. Pessoas que não suportam debater suas ideias é porque ainda não amadureceram.


1.       Forçar a barra. Dificilmente você encontrará um pastor de uma “igreja da visão” que não tenha forçado a barra para implantar o modelo na igreja. Alguns chegam a empurrar guela a baixo do povo a “visão”. Na “visão” não há espaço para diálogos. “A ‘visão”, segundo seus maiorais, não pode ser discutida. O “comando vem de cima” e todos tem que acatar. Quem pensar diferente, descordar e não obedecer é considerado insubmisso, rebelde, filho da desonra e até amaldiçoado pelos líderes mais radicais.

2.       Liderança autoritária. Pude perceber que para a visão “funcionar bem”, além de o pastor forçar a barra para cima dos membros da igreja, é preciso agir com “punho de aço”. Isto significa ditadura – boa parte dos pastores que conheci na visão demonstrou serem líderes autoritários, seguindo o exemplo de Rene Terra Nova de Manaus.

3.       Abusos em nome da honra e da aliança. Esse é sem sombra de duvida um dos pontos mais críticos. Conheço apóstolos e pastores que pensam que foram chamados por Deus para ser rei. Falam de honra o tempo todo, porém, não a honra ao Senhor, mas a honra a eles, e tem que ser geralmente acompanhada de ofertas, se não, não vale. Quanto à aliança, alguns massificam esse assunto; parece que é a melhor maneira que encontraram para manter o cabresto bem firme no pescoço das pobres ovelhas, que tem a maior vontade de sair da igreja, mas não saem porque morrem de medo de serem amaldiçoadas por "quebrarem a aliança”, ou porque se acostumaram com o cabresto e ainda não tiveram a alegria de desfrutar a liberdade que o evangelho proporciona. Ninguém tem o direito de oprimir ninguém, quanto mais um ministro de Deus. Pastores, apóstolos, lideres, precisam saber que as pessoas são livres e não podem ser obrigadas em hipótese alguma a fazer qualquer coisa que não queiram fazer. Se a nossa motivação em servir não for o amor, então nada do que fazemos terá valor para Deus.

4.       Invencionices e modismo. Lembro-me de um pastor relativamente novato na visão me dizer que para a igreja “desatar” na visão o pastor precisa inventar uma coisa nova toda a semana. Ele me deu alguns exemplos e me fez algumas sugestões do que eu poderia fazer também. Até achei algumas de suas ideias interessantes, mas até onde alguém poderá ir com tanta criatividade? A criatividade na igreja é uma benção e extremamente necessária, o problema é quando ela deixa de ser uma boa idéia para se tornar uma invencionice maluca como já vi muito. O pior de tudo é quando alguém inventa qualquer coisa e os outros não podendo ou não tendo coragem de inventar suas próprias loucuras se limitam apenas a copiar os outros. Dessa forma temos os modismos enchendo nossas igrejas de besteirol.

5.       Bizarrices. Não são pouco comuns as bizarrices. Sei de gente que viaja para outros países para amarrar o principado daquele lugar, alegando que com isso o avivamento virá; Gente que voa de helicóptero para ungir cidades e as divisas; pastores que manda homens ungir o pênis para vencer a promiscuidade. Sei de pastores que saiu com os homens da igreja para urinar nas fronteiras do bairro alegando com isso a demarcação do território; sem falar das algumas outras situações estranhas.

6.       Cobertura espiritual. A ideia a principio não é ruim, mas, pelo menos onde passei não funcionava. De fato, o que esperava era uma cobertura espiritual. Esperava alguém que me pudesse mentoriar, ser um amigo e parceiro de ministério, não alguém que quisesse mandar na minha vida e dizer o que eu tinha ou que não tinha que fazer. Querer controlar as ações dos outros não é cobertura espiritual.

7.       Teologia da prosperidade. Toda vida fui contra a teologia da prosperidade praticada na sua forma mais explicita pela igreja universal. Envolvi-me com os irmãos do M-12 e, quando acordei, percebi que estava dentro do sistema engendrado por Edir Macedo. Sistema que sempre me opus. A teologia da prosperidade é uma das marcas mais fortes da visão. Nunca você ouvirá uma pregação dos apóstolos da visão que não fará referencia à prosperidade. Os pedidos de ofertas são exorbitantes e todo mundo tem que dar – o tema plantar e colher é massificado - As pregações giram quase que sempre em torno das conquistas, do desatar, do crescimento financeiro e outras coisas relacionadas à teologia da prosperidade. Quase não se houve falar da graça de Deus, e quando ouvi um apostolo falar da graça fiquei estarrecido. O homem disse com todas as letras que ‘o sinal da graça de Deus em uma pessoa é sua boa condição financeira’.

8.       Judaização. Paulo em sua carta aos gálatas escreve um verdadeiro tratado sobre o perigo que a igreja corre de voltar ao judaísmo. Entretanto, parece que Rene Terra Nova e seus apóstolos não compreendem esse livro tão importante do Novo Testamento. Aliás, parece que eles não leem o NT. Existe uma verdadeira marcha de volta para os rudimentos da lei por parte dos irmãos da visão (inconsciente pela maioria). Alguns participam assiduamente e pregam sistematicamente a participação nas festas judaicas como sinal da benção de Deus para o cristão.

9.       Numerolatria. A busca por números e cifras, foi uma das coisas que me chocou no movimento. Os pastores agem debaixo de pressão feita por seus apóstolos que não economizam no exagero para “motivar” os pastores/liderados. 


1.   Valorização do TER e não do SER. Ironicamente, são poucas pessoas na “visão” que tem consciência do valor inerente do ser humano. Para muitos, o que importa é o que você tem, não o que você é. Você pode ser alguém com grande capacidade intelectual, carisma, um forte caráter, mas se não possuir um carrão, não pastorear uma mega igreja, então você não é um DESATADO (termo quase exclusivista do M-12).


1.   Orgulho pelo modelo. Hoje em dia já não é tanto, mas já houve época que o orgulho pelo modelo foi tanto que alguns chegaram a dizer que a “visão” era a porta de entrada para o avivamento acontecer no Brasil.

Eu poderia citar mais coisas, porém, essas são as mais relevantes e as que pude perceber.

Creio ainda ser importante ressaltar, embora já tenha mencionado no inicio e no meio desse artigo, que os itens descritos acima não retratam a realidade completa de todas as igrejas e de todos os pastores da ‘visão celular’. Mas, inegavelmente reflete o espirito da visão que emana de Manaus, capital brasileira do M-12, ramificado por Rene Terra Nova.

Segue abaixo o link de alguns artigos relacionados a esse tema direto e indiretamente.

No amor de Jesus, que sempre será o meu modelo.

Ismael.

Serra/ES

24 de novembro de 2011





Comentários

  1. Mais uma vez tenho que concordar em número e grau de suas palavras! Muito sábio...ainda bem que acordou em tempo de livrar seu rebanho dessa visão. fica na paz!

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  2. Eu nunca concordei com G12 mesmo, e vc sabe!!!
    agora quem gosta e ta na igreja que nao pratica melhor ir para outra igreja vc nao acha pastor?

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  3. Pastor Filgueira, seus comentários são moderados, não são agressivos. O pacote é grande. Na direção dessa coisa toda, tem o neo-apostolicismo, para mim, uma falácia. Jesus e os 12 de Efésios 4 JÁ LANÇARAM O FUNDAMENTO DA IGREJA, não deixaram sucessores, mas, pastores/bispos/presbíteros, termos, praticamente, equivalentes. A igreja do Senhor passa por uma provação sem precedentes na igreja brasileira. Deus, abençoe sua igreja, em nome de Jesus, amém.

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